Fraturas em coelhos: como ajudar
Na natureza os coelhos são animais predados (são caçados por outros animais), por isso devem ser capazes de fugir e correr rapidamente. Seus membros são, portanto, dotados de músculos poderosos, enquanto seu esqueleto é leve, compreende apenas 7 a 8% do peso corporal, o esqueleto de um gato, por exemplo, representa cerca de 12 a 13% do peso enquanto nos humanos essa proporção aumenta para 15 a 18% corporal.
Embora tenha um esqueleto leve, os coelhos apresentam uma densidade óssea maior quando comparado a outras espécies. Porem a mesma densidade que torna o osso do coelho mais duro e resistente faz com que quando quebre se formem vários fragmentos, como vidro, o que agrava as fraturas e dificulta os procedimentos cirúrgicos.
Estas características físicas tornam os coelhos mais propensos a fraturas em comparação com outros animais. Grande parte das fraturas acometem os membros pélvicos (que combinam uma poderosa massa muscular e ossos mais longos – tíbia e fêmur) e regiões da coluna.
A maioria das fraturas que acontecem com ossos “longos” em coelhos são do tipo cominutiva (o osso quebra em mais de dois pedaços) e/ou em espiral/obliqua (com formação de pontas afiadas que cortam os músculos e a pele) o que dificulta os procedimentos para recuperação.
Outros problemas de saúde, como a osteoporose e/ou uma dieta com baixo teor de cálcio, podem diminuir a densidade tornando os ossos frágeis, favorecendo a ocorrência de fraturas ao mínimo esforço, principalmente quando o coelho entra em pânico, é indevidamente contido ou durante uma “fuga”.
As lesões de coluna são frequentemente observadas na região lombar e muitas vezes, como resultado nestes casos, temos paralisia dos membros inferiores, acompanhada de incontinência urinaria. As lesões de coluna tendem a serem gravíssimas e os animais ficam tetraplégicos ou paraplégicos a maioria dos casos. Coelhos com lesões graves de coluna passam ater dificuldades para defecar e urinar, além da total perda da mobilidade dos membros posteriores passam a ficar sentados com as perninhas esticadas como na foto abaixo:
As fraturas de tíbia é outro perigo em coelhos, são frequentemente abertas, saindo parte do osso para o meio externo (para fora da pele - o que chamamos de fratura exposta). Isso ocorre porque são geralmente fraturas em espiral / obliquas e ha pouco tecido mole (pele e músculos) no local, o que facilita a perfuração dos tecidos pela ponta do osso. Ela frequentemente é causada por torção do membro, por manuseio inadequado (tentar segurar o coelho pelas pernas), ou gaiolas inadequadas (o membro fica preso entre as malhas de arame).
As fraturas expostas obviamente se tornam mais difíceis de tratar. Nestes casos temos fatalmente a contaminação do osso/ferida por microorganismos (que aumenta consideravelmente o risco de infecções) e lesões vasculares importantes (sangramento ou mesmo gangrena) que podem levar a amputação do membro e/ou colocar a vida do animal em risco.
A ferida deve ser limpa adequadamente o osso fraturado fixado o mais rápido possível. O risco de osteomielite (infecção óssea) e/ou gangrena é grande e pode se estabelecer rapidamente, sendo indicado o uso de antibióticos.
Diagnóstico e primeiros socorros
Ao se constatar uma possível fratura em um coelho, temos que tomar muito cuidado ao manusear o animal. O animal assustado e com dor pode se debater e piorar a lesão, pode ocorrer outras fraturas e uma fratura que antes era fechada pode se tornar exposta nesta situação. No caso de fraturas em coluna, o fato do animal se debater ao ser contido, pode agravar a lesão deixar o animal tetraplégico/paraplégico pelo resto da vida.
Se há a suspeita de fratura, o animal deve ser manuseado da maneira mais gentil possível, evite segurar o animal no colo, recomendamos colocar o animal em uma caixa de transporte ou mesmo uma caixa de papelão forrada com uma toalha grossa (se possível tende induzir o animal a entrar sozinho na caixa). Cobrir a caixa ou ate mesmo fechar a tampa (caixas de papelão) ajuda a manter o animal quieto, evitando maiores estragos durante o transporte até a clínica veterinária.
Um coelho que tenha um membro quebrado, com sinais de choque, sangramento, problemas respiratórios deve imediatamente ser encaminhado ao médico veterinário É necessário agir imediatamente, com uso de medicamentos para controle de dor e até mesmo uma leve sedação a fim de confortar o coelho e mantê-lo quieto até que a fratura seja estabilizada.
As radiografias, exame físico e neurológico (no caso de traumas na coluna) devem ser realizados para se determinar à extensão da lesão, tratamento adicional e prognóstico da resolução da fratura. O exame físico e complementares devem ser realizados com extrema cautela e muitas vezes acompanhados de uma sedação leve para não piorar as lesões.
Após a avaliação clínica, identificação do local e tipo de fratura, o mais importante é o controle da dor e estabilização do membro fraturado com o objetivo de diminuir o desconforto e evitar maiores estragos. Muitas vezes o tratamento cirúrgico não precisa ser realizado com urgência e estabilizar o animal é a prioridade, para depois então se pensar em correção cirúrgica.
Há vários métodos para reparo das fraturas, que podem ir do simples repouso, talas ou ate mesmo cirurgias complexas com o uso de placas cirúrgicas e pinos intramedulares. O tratamento cirúrgico com colocação de placa e/ou pino passa a ser a indicação da maioria das fraturas dos ossos longos como fêmur, tíbia, rádio, úmero e outros. Nesses casos a escolha do melhor método de correção e estabilização vai depender das particularidades do local da fratura, da idade do animal e dos cuidados exigidos no pós cirúrgico.
Tratamento pós-cirúrgico
O controle da dor é crucial para a recuperação das fraturas. A presença de dor leva a um menor uso da parte do corpo, a fim de evitar mais danos, porem esta falta de uso leva à fraqueza, perda do tônus muscular e descalcificação, levando assim um aumento de tempo de cicatrização do osso e recuperação do membro.
A medicação para a dor é, portanto, muito importante. Além disso, a dor causa perda de apetite, diminuição da ingestão de água e baixa motilidade intestinal, podendo gerar problemas gástricos graves.
Os coelhos são muito resistentes a dor, e não sabem ou entendem que tem que ficar repouso. Com os medicamentos para dor e a estabilização da fratura o animal tende a agir como se não tivesse um membro fraturado. Não fazer repouso (correr e saltar) pode desestabilizar o foco de fratura e mesmo quebrar o osso novamente.
Após a primeira semana é normal que o animal volte a apoiar o membro gradativamente, portanto deve se redobrar os cuidados para evitar movimentação excessiva, deixar o animal andar sobre piso liso também pode piorar a situação é deve ser evitado a todo custodurante a recuperação. O uso de tapetes pode ajudar.
IMPORTANTE: Durante a recuperação, caso o coelho deixe de apoiar repentinamente ou manifeste sinais de dor aguda, o retorno ao médico veterinário deve ser imediato.
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